terça-feira, 13 de setembro de 2011



Ela gritou tão alto que a voz ecoou distante, mas ninguém parecia ouvir. Ela chorou rios de lágrimas silenciosas que escorreram sem fim, mas ninguém veio secá-las. Ela correu até que os pés doessem e os joelhos falhassem, mas ninguém veio ampará-la. Ela sentiu frio até os lábios arroxearem, até o queixo bater em desespero, mas ninguém veio acolhê-la. Ela se perdeu pelo caminho, ralou os joelhos, arranhou as mãos nas duras e afiadas pedras da vida. Ela quis se esconder, mas não tinha abrigo. Ela quis amar, mas não sabia o que era o amor. Mas o amor tinha que estar em algum lugar lá fora, não tinha?

Ele queria ser livre, mas nunca criou asas para voar. Ele percorreu aos tropeços uma trilha que parecia não ter fim, em busca da felicidade. Ele cantou e cantou, na esperança de que o vento levasse a melodia até ela e a trouxesse pra ele, mas apenas a lua e as estrelas eram sua plateia. Ele olhou o céu diversas vezes por demasiadas noites imaginando como seria tocá-la, porque sentir, ele a sentia e amava. Mas a distância era tanta que ele continuou andando, desanimado. Ele precisava chegar.

Foi então que numa noite estranha dessas, onde tudo parece meio torpe e o tempo parece não passar, que eles finalmente se esbarraram numa esquina qualquer. Andando de cabeça baixa, com os fones no ouvido e a música alta o embalando, ele não percebeu que ela estava ali, andando meio sem jeito em sua direção, igualmente alheia. Depois de todas as rachaduras e buracos, os passos se acertaram e os ombros se chocaram, os olhares se cruzaram... Era o começo de uma história onde um completaria o outro.

2 comentários:

  1. completar-se com outro é correr o risco de perder-se de si.

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  2. Perder-se de si seria tão ruim? Quem não está perdido?
    Não sei... seria possível se perder para se encontrar? Deixar de se esconder, talvez.

    *-*

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