quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Vestido Azul


Ela fechou os olhos e sentiu o vento fraco vindo de nenhum lugar soprando em seu rosto. Sentiu-se beijada pela brisa que acarinhavam os cabelos castanhos. Os lábios pequenos sorriram tímidos, num quase imperceptível movimento. Ela estava longe. Com um mar cheio de mistérios dentro do coração, que escondia grandes segredos, era constante o medo de se afogar em si mesma; de enredar-se por um caminho sem volta; de descobrir que o avesso era ainda pior.
Uma gota caiu das nuvens cinza que alheias a moça deitada na areia, choravam, escorreu pela bochecha pálida e sossegou nos lábios róseos. Começava a chover, mas ela queria sol. As gotas, agora mais severas, fustigavam a areia e encharcavam o vestido azul da menina. Ela não se importava com o tempo, envolvida numa excursão atrás do que há muito abrigava naquele oceano de superfície serena. Mergulhou.
Depois de tanto desejar, de tanto procurar, de tanto querer, abriu os olhos e enfrentou a tempestade. Limpou a areia grudenta dos braços, das pernas e se levantou. Ela conhecia a si mesma, sabia do mais profundo de si. Ajeitou o vestido azul molhado e foi atrás de um novo sol.

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