quarta-feira, 29 de junho de 2011



Minhas mãos estão geladas, não sei o que fazer com elas. Minha boca secou de repente. O chão parece se abrir sob meus pés, já não confio mais em minhas pernas. Meu equilíbrio é inexistente. 
Você caminha meio hesitante em minha direção. Me coração acelera ainda mais. Você sorri confiante e depois divertido, achando graça por me ver nervosa. Eu sorrio meio sem graça, você é o único que me deixa assim. Você chega perto. Eu olho em seus olhos. Nossas respirações irregulares se confundem. Talvez eu não seja a única nervosa... Você segura minhas mãos frias nas suas quentes. Me arrepio.
Você vira pra mim e diz: Vêm dançar comigo.
Eu vou.
Caminhamos lado a lado de mãos dadas. Não sinto mais frio, só um estranho calor. Você acaricia minha mão com o polegar. Mordo os lábios, sem saber o que dizer. A música que toca é famosa, mas não posso identificá-la. Não posso ouvir nada. Paramos no centro da pista. Você me puxa pra mais perto. Desvio o olhar. Nos balançamos lentamente. Suas mãos na minha cintura. Minhas mãos no seu pescoço. Sinto seu perfume, sua respiração perto de minha orelha. 
Você diz: Você é linda.
Eu respondo: Não, não sou.
Suas mãos apertam ligeiramente minha cintura, e você diz: Sim, você é. 
Suspiro e desisto de retrucar. Continuamos dançando, mas rápido demais, a música termina. Você não me solta logo, me prende em seu abraço por alguns segundos mais. Aspiro seu perfume pela última vez, passo meus dedos pelos seus cabelos. Não quero soltar-te. Quero que você me segure pra sempre.
Nos separamos relutantes. Você sorri, pega na minha mão de novo e fala: Obrigado.
Fico confusa e pergunto: Pelo que? 
Você responde: Por essa dança... Fico esperando que você diga algo mais. Quero tanto beijar-te. Porém só aceno com a cabeça e desvio os olhos. 
Ainda estamos no meio da pista de dança. Parados enquanto todos se movimentam. A música que toca agora é agitada, mas ainda não posso ouvi-la, só a sua voz.
Sua mão livre me segura o queixo e levanta meu rosto: Não se esconda de mim.
Respondo: Eu não me escondo.
Você chega mais perto novamente e como um alarme irritante, meu coração bate tão forte que posso ouvi-lo mais que a música alta.
O que está fazendo? - Eu pergunto.
Mostrando o meu amor. - Você me beija.
Seus lábios são tão macios e firmes. Suas mãos me seguram com força, mas com o receio de que eu possa quebrar a qualquer momento. Você não quer me assustar, mas eu quero mais. Depois de tanto tempo esperando pelo amor, só quero sentir e sentir, até a última gota. Insaciável. Você para o beijo. Olha em meus olhos. Dessa vez não desvio o olhar.
Eu digo: Vem comigo.
Você vem. 
Saímos daquela confusão de gente. Somos só nós dois agora.
Sinto vontade de cantar, correr, pular, gritar! Sinto a felicidade, além do amor. 
Paro no meio da rua deserta. Ao fundo um trovão distante ecoa. A luz do poste pisca e se firma acesa. Nada, porém, brilha mais que seus olhos.
Você grita: Eu amo você!
Eu sorrio ainda mais: Eu amo você.
Eu te beijo. A chuva cai. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário